Retrato do Duque de Wellington, óleo de Francisco Goya (1810-1812), National Gallery |
Há 200 anos na Península Ibérica, estava prestes a iniciar-se mais um
capítulo do que nas várias tradições históricas se chama Guerra Peninsular, Peninsular
War, Guerra de la Independencia ou Guerre d’Espagne. Este capítulo seria o
último do drama que há cinco anos tinha por cenário as terras de Espanha e de
Portugal.
Um grande exército anglo-luso concentra-se para a campanha de 1813, mas
ele existe já há cinco anos, forjando-se na luta contra os exércitos franceses,
quer nas revoltas das províncias do Norte, do Algarve e Alentejo, nas ações das
Ordenanças e Milícias quer nas batalhas da Roliça e do Vimeiro.
Existe nas batalhas do Porto, da Ponte de Amarante e na campanha de
Talavera, em 1809; existe durante esse ano na
integração das forças portuguesas e britânicas, tradução de regulamentos e treino
conjunto.
É um exército que se prova conclusivamente nos altos do Buçaco, em 27 de
setembro de 1810, no momento exato em que Portugal se debateu com a mais
formidável ameaça francesa até então, vivendo tragédias como Almeida e a
devastação das aldeias e campos das Beiras e do Ribatejo; que existe nas Linhas
de Torres Vedras, lado a lado, defendendo Lisboa, expulsando, uma terceira vez,
de Portugal o orgulhoso Exército Francês.
Existe depois em toda a campanha de 1811, em Fuentes d’Oñor, Badajoz e
Albuera. Existe, cada vez mais calejado e experiente em 1812, nas tomadas de
Ciudad Rodrigo e Badajoz, em Salamanca, Madrid, Burgos.
The Duke of Wellington & his staff. Crossing the Bidassoa & entering france 1813 (colecção particular) |
Na Primavera de 1813 começou a concentração deste exército aliado, forte
de 106 701 homens; reuniram-se em Trás-os-Montes, Galiza e na área de Ciudad
Rodrigo, 52 484 britânicos, 28 792 portugueses e 25 425 espanhóis, comandados
por generais experientes e de valor comprovado, como Beresford, Hill, Picton,
Cole, Alten,Clinton, Stewart, Hope, Graham, Conde de Amarante, Lecor, Longa,
Carlos de España e tantos outros.
Esta campanha iniciava-se para os aliados com a promessa de sucesso, pois
às notícias da catastrófica retirada francesa da Rússia e de um novo
entendimento político para a construção da Sexta Coligação contra a França, seguiu-se
o abandono do sul de Espanha pelos franceses assim como a redução de efetivos
ordenada por Napoleão, necessitado dos veteranos da Península para a
reconstrução do seu Grand Armée. Era o
momento perfeito para o exército aliado tomar uma postura ofensiva, inserindo o
seu esforço no quadro mais geral da luta europeia conta a França napoleónica.
Texto: Jorge Quinta-Nova & Moisés Gaudêncio
Bibliografia
Oman, Charles, A History of the Peninsular War, Volume IV, London: Greenhill Books, 1996 (1922), p. 750 e seguintes.
Texto: Jorge Quinta-Nova & Moisés Gaudêncio
Bibliografia
Oman, Charles, A History of the Peninsular War, Volume IV, London: Greenhill Books, 1996 (1922), p. 750 e seguintes.
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