domingo, 5 de maio de 2013

Do Douro a Toulose

Retrato do Duque de Wellington,
óleo de Francisco Goya (1810-1812),
National Gallery
Há 200 anos na Península Ibérica, estava prestes a iniciar-se mais um capítulo do que nas várias tradições históricas se chama Guerra Peninsular, Peninsular War, Guerra de la Independencia ou Guerre d’Espagne. Este capítulo seria o último do drama que há cinco anos tinha por cenário as terras de Espanha e de Portugal.

Um grande exército anglo-luso concentra-se para a campanha de 1813, mas ele existe já há cinco anos, forjando-se na luta contra os exércitos franceses, quer nas revoltas das províncias do Norte, do Algarve e Alentejo, nas ações das Ordenanças e Milícias quer nas batalhas da Roliça e do Vimeiro.

Existe nas batalhas do Porto, da Ponte de Amarante e na campanha de Talavera, em 1809; existe durante esse ano na integração das forças portuguesas e britânicas, tradução de regulamentos e treino conjunto.

É um exército que se prova conclusivamente nos altos do Buçaco, em 27 de setembro de 1810, no momento exato em que Portugal se debateu com a mais formidável ameaça francesa até então, vivendo tragédias como Almeida e a devastação das aldeias e campos das Beiras e do Ribatejo; que existe nas Linhas de Torres Vedras, lado a lado, defendendo Lisboa, expulsando, uma terceira vez, de Portugal o orgulhoso Exército Francês. 
Existe depois em toda a campanha de 1811, em Fuentes d’Oñor, Badajoz e Albuera. Existe, cada vez mais calejado e experiente em 1812, nas tomadas de Ciudad Rodrigo e Badajoz, em Salamanca, Madrid, Burgos.

The Duke of Wellington & his staff.
Crossing the Bidassoa & entering france 1813
(colecção particular)
Em 1813, porém, reuniam-se pela primeira vez num único exército, sob o comando superior do General Sir Arthur Wellesley, então Marquês de Wellington, tropas de todas as nações envolvidas na guerra contra Napoleão na Península Ibérica. O objetivo último desta força multinacional era a expulsão definitiva dos franceses da Península. Com a nomeação de Wellington como Marechal General do Exército Espanhol (Generalíssimo),  juntavam-se aos Portugueses e Britânicos os exércitos espanhóis que se iriam transformar numa parte importante do grande exército aliado.
Na Primavera de 1813 começou a concentração deste exército aliado, forte de 106 701 homens; reuniram-se em Trás-os-Montes, Galiza e na área de Ciudad Rodrigo, 52 484 britânicos, 28 792 portugueses e 25 425 espanhóis, comandados por generais experientes e de valor comprovado, como Beresford, Hill, Picton, Cole, Alten,Clinton, Stewart, Hope, Graham, Conde de Amarante, Lecor, Longa, Carlos de España e tantos outros.

Esta campanha iniciava-se para os aliados com a promessa de sucesso, pois às notícias da catastrófica retirada francesa da Rússia e de um novo entendimento político para a construção da Sexta Coligação contra a França, seguiu-se o abandono do sul de Espanha pelos franceses assim como a redução de efetivos ordenada por Napoleão, necessitado dos veteranos da Península para a reconstrução do seu Grand  Armée. Era o momento perfeito para o exército aliado tomar uma postura ofensiva, inserindo o seu esforço no quadro mais geral da luta europeia conta a França napoleónica.

Texto: Jorge Quinta-Nova & Moisés Gaudêncio

Bibliografia
Oman, Charles, A History of the Peninsular War, Volume IV, London: Greenhill Books, 1996 (1922), p. 750 e seguintes.

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